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COLEÇÃO

A Invenção 

de Terra

Tânia Pedrosa nem lembra quando foi a primeira vez em que se encantou por uma obra de arte popular. Aos poucos, elas foram, uma a uma entrando em sua vida. Primeiro, peças menores, feitas de cerâmica, e reclamando um cuidado extra com a fragilidade do material. Depois, madeira, pedra e metal e um mundo de expressões artísticas livres, ora bem humoradas e alegres, ora tristes, melancólicas. 


Com o passar dos anos, só ou acompanhada de amigos ou da família, ia desbravando povoados e pequenas cidades pelo interior de Alagoas – Capela, Pão de Açúcar, Ilha do Ferro, Arapiraca, Viçosa, Boca da Mata, União dos Palmares, Porto Real do Colégio e tantos outros.  Depois, o desejo de conhecer novos artistas foi crescendo e começou a visitar cidades de estados vizinhos, como Pernambuco e Sergipe. 


A cada nova viagem, obras novas integravam-se à coleção, que tomava não apenas as casas onde mora, mas jardins e áreas externas. Era hora de franquear a estudantes, pesquisadores e apreciadores de arte, aquele tesouro particular e, ao mesmo tempo, coletivo. Foi assim que, em 2009, 370 peças da coleção foram cedidas à Casa do Patrimônio de Maceió, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), onde estão instaladas para visitação gratuita. Em 2013, a coleção recebeu atualização museográfica, com nova concepção de montagem e o título de A invenção da terra. 


A exposição costuma atrair muitos estudantes, especialmente crianças e adolescentes, que dialogam com os objetos presentes ali, como os bancos, as cadeiras-trono e os ovos gigantes com histórias curiosas de Fernando Rodrigues, da Ilha do Ferro (AL), ou as peças dos seguidores do Mestre Vitalino, de Caruaru (PE), os ex-votos de artistas anônimos ou as burrinhas de João das Alagoas e as jaqueiras de Sil, ambos de Capela (AL). 


Em um barco com a representação de Iemanjá, os visitantes são convidados a deixarem um recado a orixá rainha do mar. Entre as dezenas de pequenos papéis com letra caprichada, quase sempre o mesmo pedido: “Iemanjá, me ensina a nadar”. 


A “guardiã de tesouros”, como a chamou o escritor Lêdo Ivo, compôs, através da coleção, um vigoroso panorama da arte popular brasileira. O complexo emaranhado de influências e os exercícios de devoração cultural que ajudam a explicar o Brasil a partir do Nordeste estão presentes, com força, na coleção. 

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